Radiculopatias Intrapélvicas


Quadro Clínico

Considerando o quadro clínico, as compressões nervosas intrapélvicas produzem sintomas variados, relativos especificamente ao nervo ou raiz nervosa afetados.

Em síntese, geralmente são sintomas pélvicos, não necessariamente associados a quadros ginecológicos, como dor ciática, sintomas urinários ou evacuatórios refratários a tratamentos clínicos.

Os principais sintomas incluem dores, formigamento, parestesia e fraqueza acometendo os dermátomos e miótomos inervados por um determinado nervo somático.

Já nos casos em que há comprometimento de nervos autonômicos, os sintomas relatados serão viscerais ou vegetativos, podendo incluir, por exemplo, aumento de frequência urinária, urgência miccional, disúria, dor retal, dor suprapúbica, dor abdominal, cólicas e até calafrios.

Aliás, algumas raízes sacrais podem originar tanto nervos somático quanto autonômicos parassimpáticos e, desta forma, causar uma associação de características sensitivas e disfunções urinárias e retais. (Lemos & Possover, 2015)

Sintomas e etiologias

Em suma, os principais sintomas das radiculopatias intrapélvicas são: (Lemos & Possover, 2015)

  • dor ciática com sintomas urinários (por exemplo, aumento de frequência, urgência miccional e disúria), sem causas ortopédicas associadas;
  • dores glúteas associadas a queixas perineais, vaginais ou penianas;
  • disúria ou ejaculação dolorosa;
  • sintomas urinários refratários (síndrome da bexiga dolorosa);
  • dor pélvica e perineal refratária.

As etiologias das compressões nervosas podem ser diversas como:

  • endometriose, que pode gerar quadros cíclicos, associados aos ciclos menstruais;
  • fibrose, que tende a causar sintomas contínuos associados a antecedentes cirúrgicos ou traumas;
  • encarceramentos vasculares, como a síndrome da congestão pélvica ou malformações vasculares, cujos achados geralmente pioram no período pré-mentrual e na gestação e com fadiga e ortostase;
  • a síndrome do piriforme, que geram compressão vascular por feixes musculares anômalos. (Lemos & Possover, 2015)

Assim, uma lesão nervosa intrapélvica deve ser aventada como diagnóstico diferencial na presença de qualquer dos sinais e sintomas acima, sendo recomendável uma investigação neurofuncional pélvica detalhada, uma vez que o diagnóstico topográfico preciso é clínico e urodinâmico e essencial para o planejamento terapêutico e cirúrgico.

Ainda não há marcadores radiológicos estabelecidos para lesões nervosas intrapélvicas, mas a ressonância magnética é, certamente, o método mais promissor para esse fim.